É comum dizer que o crescimento
populacional é responsável pela existência da fome, assim como as
adversidades do clima e do solo. Claro que para muitas pessoas que têm
maior responsabilidade no problema – apesar de todos nós termos – é uma
posição bastante cômoda, a qual serve para ocultar as verdadeiras
causas.
Uma análise detalhada constata que a
fome é uma criação humana. Ela existe e maltrata bilhões de pessoas,
sendo as principais, crianças. Ao se organizar em sociedade o homem
criou uma desigualdade. De um lado, uma minoria rica e de outro, a
grande maioria despojada de riqueza.
Entre as causas da fome o processo de
colonização pelos europeus, na América, Ásia e África é genitor para
os demais. Ao chegarem nesses continentes introduziram seus costumes e
alteraram profundamente, a organização social dos nativos. Exploraram
suas terras ao máximo. Implantaram propriedades agrícolas destinadas à
exportação. Tudo isso com ajuda do trabalho escravo dos nativos.
Com o desequilíbrio gerado pelos colonizadores, a produção de subsistência caiu e os problemas de subnutrição e fome surgiram.
Os problemas decorrentes da
inadequada utilização da terra também pesam na explicação da fome. Os
países subdesenvolvidos têm, geralmente, um passado colonial. Dentro da
atual ordem econômica mundial, a maioria desses países não conseguiu
livrar-se do colonialismo econômico que ainda predomina nas relações
internacionais. As suas economias estão estruturadas de forma a atender
as necessidades do mercado externo em prejuízo do mercado interno.
Dá-se maior atenção a uma agricultura para servir de exportação do que
para atender o mercado interno. Em vista disso, ocorre escassez de
alimentos básicos para o mercado interno ou o seu preço é tão elevado
que dificulta a sua aquisição por grande parte da população de baixa
renda.
Consequências da fome
Os efeitos mais comuns causados pela
fome, principalmente nos países do Terceiro Mundo, são a desnutrição
calórica-protéica (provocada pela falta de calorias e proteínas), as
doenças causadas pela deficiência de vitamina A, a anemia (provocada
pela deficiência de ferro), o raquitismo (gerado pela deficiência de
vitamina D), o bócio e os distúrbios causados pela carência de vitaminas
do grupo B.
Todas essas formas de desnutrição,
quando não fazem suas vítimas diretamente, facilitam o aparecimento de
outras doenças, que acabam levando
o desnutrido à morte.
o desnutrido à morte.
Por exemplo, os óbitos de crianças
pobres nos países do Terceiro Mundo não apontam a fome ou a subnutrição
como causa dessas mortes. Figuram como causas a pneumonia, a
desidratação, a tuberculose, o sarampo etc. No entanto, essas e outras
são conseqüência de um organismo debilitado ou sem resistência, em
decorrência da desnutrição ou fome.
A desnutrição calórica-protéica,
também chamada desnutrição energética-proteíca (DEP), atinge grande
número de crianças em idade pré-escolar nos países do Terceiro Mundo.
Apresenta-se em diversos graus, sendo que os extremos ou mais graves
(3.º grau) exigem hospitalização para o seu tratamento. Segundo
especialistas, o Kwashiorkor e o marasmo são exemplos de desnutrição de
3.º grau.
A palavra Kwashiorkor é originada de
um dialeto africano da Costa do Ouro (atual Gana) e possui vários
significados, sendo o mais utilizado o de “ criança desmamada”. O
Kwashiorkor ocorre numa criança após seu desmame precoce, ou seja,
quando nasce uma nova criança, num período em que há uma outra ainda
sendo amamentada no seio materno, esta cede o lugar para a
recém-nascida. Deixando de alimentar-se do leite materno e em razão da
pouca disponibilidade de alimentos que a família tem em decorrência de
sua pobreza, a criança passa a ter uma alimentação pobre em proteínas.
Assim, o Kwashiorkor é uma doença
causada pela falta de proteínas e ocorre geralmente em crianças acima de
seis meses de idade. Caracteriza-se por apresentar: inchaço do ventre,
dando aspecto balofo; lesões na pele; parada do crescimento;
retardamento mental, às vezes irreversível; lesões no fígado, com
degeneração gordurosa; descoramento dos cabelos; comportamento apático,
triste, retraído. As crianças com Kwashiorkor chegam a atingir dois ou
três anos de idade indiferentes ao mundo que rodeia. Não engatinham nem
andam, e geralmente morrem de doenças como coqueluche, rubéola,
sarampo e outras mais, que numa criança bem alimentada raramente causam
a morte.
O marasmo, outra forma de extrema
desnutrição, causada pela deficiência de calorias na dieta alimentar da
criança, ocorre geralmente nas primeiras semanas de vida.
Caracteriza-se por emagrecimento, parada do crescimento longitudinal e
extrema debilidade. A criança chega a ter o seu peso 60 % inferior ao
normal.
Existem ainda os casos de desnutrição
leve e moderada, chamados respectivamente de primeiro e segundo grau.
Trazem, também, graves conseqüências à saúde e ao desenvolvimento do
ser humano e minam a resistência orgânica, abrindo brechas para o
estabelecimento de várias doenças.
Soluções para aumentar a produção de alimentos
A revolução verde
Foi um empreendimento para expandir a
produção de alimentos que consistia no desenvolvimento de novas
linhagens de plantas de cereais. No México, foram introduzidos várias
linhagens novas de trigo, o que aumentou sua produção seis vezes nos
últimos 20 anos. Essa novas linhagens foram introduzidas também na Índia
e houve um aumento considerável na sua produção de cereais. Isso porém
não amenizou o problema da fome, pois nessa mesma época a população
hindu crescia no mesmo ritmo que a produção de cereais.
Essa revolução verde é considerada
insegura por alguns peritos. Um dos problemas considerados por eles é
que essas cepas devem ser cultivadas em conjuntos grandes, para impedir o
cruzamento com as variedades velhas. Outro problema é que essas novas
cepas devem ser cultivadas em níveis ótimos de irrigação, adubação e
pesticidas.
Novas fontes de alimentos
Novos métodos de aumento da produção
de alimentos estão em estudo. Um é o cultivo de algas em grandes
quantidades, como fonte de ração para animais. Outra é cultivar
microorganismos (bactérias e leveduras) em hidrocarboneto e nutrientes
inorgânicos, como fonte de alimento para animais e pessoas.
Uma outra possibilidade seria a
dessalinação da água do mar para fins de irrigação do deserto.
Experimentos comprovaram que o deserto com sua alta temperatura e
abundante luz solar, pode se tornar bastante produtivo para a
agricultura.
Porém, a introdução dessas novas
fontes de alimentos requer uma alta tecnologia e conseqüentemente um
custo bem elevado para a maioria dos países.
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