quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Consumo voraz!




Círculo do consumismo. Imagem: Portal Ciência & Vida.

A moda e sua velocidade de renovar padrões e tendências é um estimulante para um dos principais esteios do sistema capitalista: a geração de uma cultura de consumo voraz. É o lema do "ter" para "pertencer".

por Tatiana Martins Alméri

A moda atualmente consegue sustentar uma das partes da estrutura do sistema capitalista que certamente faz com que o fluxo financeiro continue em alta rotatividade. A moda consegue garantir que certos produtos fiquem obsoletos em menos de quatro meses, e isso faz com que novas compras sejam feitas e com que o dinheiro seja gasto. Essa configuração ocorre porque as necessidades de consumo estão inseridas no dia a dia das pessoas que fazem parte de uma estrutura global; hoje em dia não basta consumir esporadicamente, o consumo muitas vezes é diário e pode até fazer parte de uma terapia muito utilizada: vou comprar para relaxar.

Esse relaxamento ocorre por uma sensação de saciedade, de necessidade cumprida, ou melhor, de buscas sanadas. Porém, o mais espantoso de tudo é que por um momento a pessoa realmente passa por essa saciedade, a sensação de alívio e, principalmente, de conquista. Mas de onde vem essa sensação se muitas coisas que compramos não estão dentro das nossas necessidades básicas? Nós realmente precisávamos daquilo naquele momento ou ocasião?


A sensação de saciedade ocorre porque ao consumir certamente conseguimos nos encaixar na estrutura social vigente: a busca pelo TER. Porém, essa estrutura é momentânea e deve ser, por essência, assim, para garantir que o fluxo financeiro novamente se concretize. Portanto, a sensação de saciedade vai até o ponto do lançamento de um novo produto, de uma nova moda, mesmo que ela seja algo que está retornando costumes de décadas passadas. Assim, sentimo-nos saciados não pelo objeto em si, mas pelo que ele significa para a sociedade, tanto no seu valor de uso, mas principalmente como um significante social, um símbolo cultural.

Sociologicamente falando, somos construídos pela cultura. Dessa maneira, segundo Taylor, o termo cultura é "todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade" (1871, p.1). Esse conceito pode ser complementado por Kroeber (1949), o qual afirma, dentre outros aspectos, que "a cultura, mais do que a herança genética determina aspectos do comportamento humano". Cito a cultura para conseguirmos fazer um elo entre a essência do sistema capitalista, a moda e a construção do indivíduo moderno.

CULTURA DO CONSUMO

As discussões sobre a cultura do consumo trazem o dilema da fragmentação, da pluralidade, da flexibilidade e hibridização sociocultural dos representantes das formas de vida estabelecidas na sociedade, incluindo nesse contexto assuntos como produção simbólica, rituais de consumo, ciclos de consumo, projetos de identidades dos consumidores, cultura de mercado, padrões sócio-históricos de consumo e a ideologia de mercado de mídia de massa e estratégias interpretativas dos consumidores (ARNOULD apud OLIVEIRA; VIEIRA, 2010).
Na nossa sociedade, o sentimento de pertencimento ao grupo social faz com que a pessoa se sinta aceita e necessariamente não marginalizada; tanto é dessa maneira que, ocasionalmente, quando agimos de uma forma não muito agradável ao grupo, a pena é a exclusão. Podemos aqui apontar ainda mais fundo: quando fazemos algo ilegal a nossa penalização, entre outras, é sermos presos, ou seja, excluídos do grupo. De uma forma mais intensa, quando estamos encarcerados e, mais uma vez, cometemos delitos novamente, somos retirados do grupo e colocados em uma solitária. Falo isso para deixar bem claro o quanto é importante culturalmente pertencer a algum grupo, ser aceito. Tanto é que socialmente a nossa principal penalização é a exclusão, a retirada do indivíduo do grupo.

A verdade que não quer calar! Você não decide nada, é plenamente manipulado. Quer saber como? Leia o texto a seguir:

Esse sentimento de pertencimento ao grupo está totalmente vinculado à cultura, essa sim é que faz a construção de como nos apresentaremos socialmente, como refletiremos e faremos a diferenciação entre o bem e o mal, de como refletiremos e faremos as nossas escolhas. Essas escolhas que aparentemente são individuais necessariamente sofrem uma enorme influência cultural - do grupo - e a moda é um exemplo clássico dessa influência.

Acreditamos, dentro da nossa "ignorância", que nós somos da maneira que escolhemos, ou seja, livres para optar conforme o modo que achamos melhor. Porém, caro leitor, infelizmente para alguns e felizmente para outros, não funciona muito bem dessa maneira. Somos manipulados a cada momento, e essa manipulação acaba condicionando as nossas escolhas; não nos vestimos simplesmente como queremos, ou não pintamos nossos cabelos da maneira que escolhemos impreterivelmente, nós somos manipulados a agirmos e nos vestirmos, e, pasmem, até pensarmos da maneira que a sociedade nos impõe, o que está entrelaçado à nossa cultura ou em uma cultura suprema.

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